terça-feira, 10 de junho de 2008

Resposta ao Problema 2

Face ao corpus recolhido pela investigadora e à metodologia de análise adoptada na dissertação em análise, produza uma reflexão em torno das seguintes questões:
1) Se desenvolvesse uma investigação centrada no objecto de estudo desta dissertação, escolheria a entrevista como método de recolha de informação?
Dado que se trata de um estudo exploratório e descritivo, centrado na análise de um caso específico, e em que a metodologia utilizada é a metodologia qualitativa com aproximação ao estudo de caso, escolheríamos tal como a investigadora, a entrevista como método de recolha de informação. No entanto, poderíamos escolher outro método como por exemplo a observação, pois como a própria investigadora refere a observação permite “explorar com mais detalhe a dinâmica da escola, vendo os sujeitos em acção”(p.118) e assim recolher outros elementos que permitissem complementar os dados da investigação.
2) Os procedimentos adoptados para a análise das entrevistas adequam-se aos objectivos da investigação?
Pensamos que os procedimentos adoptados se adequam aos objectivos da entrevista, uma vez que a análise de conteúdo foi utilizada, segundo uma matriz de análise qualitativa, quer para descrever o conteúdo das entrevistas quer para inferir e atribuir significado aos discursos, de acordo com o modelo de análise construído e os conceitos analíticos mobilizados. Para isso a investigadora começou por efectuar uma leitura flutuante a partir da qual identificou os dados pertinentes, os temas e categorias gerais. Neste processo
foram utilizados sobretudo procedimentos abertos e uma abordagem dedutiva, uma vez que alguns temas e categorias foram definidas a priori.
A validação da categorização processou-se de acordo com os princípios, enunciados por Esteves (2006:122): exclusão mútua, homogeneidade, exaustividade, pertinência, produtividade e objectividade.
O processo decorreu em duas fases: uma análise vertical em que cada uma das entrevistas dos diferentes actores foi analisada separadamente e uma análise horizontal ou comparativa onde procurou semelhanças e diferenças nos discursos dos diferentes actores educativos.
Por fim fez-se uma análise transversal onde se procurou esclarecer os problemas, aprofundar as questões, analisar as incongruências dos discursos e categorizar conteúdos.
3) Quais são as principais etapas de análise de conteúdo seguidas pela autora?
As principais etapas de análise de conteúdo seguidas pela autora foram as seguintes:
1º Leitura integral de cada entrevista;
2º Identificação de temas e categorias, fazendo uma análise temática, sublinhando segmentos de texto, que permitiram a selecção de unidades de significação;
3º Utilização de grelhas com os temas e categorias para a análise do corpus das entrevistas;
4º Interpretação dos dados fazendo inferências.
4) A análise de conteúdo revela-se um método adequado para o tratamento da informação recolhida?
A análise de conteúdo, pode considerar-se como um conjunto de procedimentos que tem como objectivo a produção de um texto analítico sobre os dados recolhidos. Esta técnica permite, por um lado, a descrição objectiva e sistemática do conteúdo manifesto da comunicação e, por outro, realizar inferências válidas dos dados analisados.
A maioria dos autores refere-se à análise de conteúdo como sendo uma técnica de pesquisa que trabalha com a palavra, permitindo de forma prática e objectiva produzir inferências do conteúdo da comunicação de um texto replicáveis ao seu contexto social.
A este propósito a investigadora refere que para cada dimensão, foram seleccionados excertos de frases, parágrafos ou períodos da entrevista, procurando a investigadora agrupar as unidades de análise semelhantes. Neste processo, cada unidade de análise foi dissecada ao máximo, procurando não as desligar do seu contexto, para não perderem o seu significado. Esta fase de categorização permitiu a simplificação e clarificação do material recolhido levando a fazer uma interpretação dos dados recolhidos, através de inferências sobre as mensagens.
5) De acordo com as leituras que realizou, poderiam ter sido seguidas outras metodologias de análise das entrevistas?
Sim, poderia ter sido seguida outra metodologia de análise das entrevistas. Pois estas podem ser analisadas através da análise de conteúdo, análise semiótica[1], Grounded Theory[2] e usando Sofware de análise qualitativa[3]. No caso especifico desta investigação, pensamos que seria adequado a utilização de software de análise qualitativa.
6) Compare a sistematização da análise de conteúdo realizada pela autora com os outputs parciais publicados no espaço de documentos sobre análise qualitativa (“Análise Qualitativa. Tratamento” e Análise Qualitativa.Quadros). Que comentários lhe sugerem as diferenças que identifica?
Ao compararmos a análise de conteúdo realizada pela autora com os outputs parciais publicados no espaço de documentos sobre análise qualitativa (“Análise Qualitativa. Tratamento” e Análise Qualitativa. Quadros) podemos constatar que foram utilizadas metodologias diferentes para análise das entrevistas. Na investigação foi utilizada a análise de conteúdo e nos documentos disponíveis sobre a análise qualitativa foi utilizado um software de análise qualitativa.


Sites consultados:
http://www.en.articlesgratuits.com/pt/content-analysis-as-a-research-tool-id998.php
http://www.clihc.org/2007/papers/AliandoGroundedTheory_ID11_longpaper.pdf
http://www.moodle.univ-ab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=35875
http://www.ispa.pt/ISPA/vPT/Investigacao/Laboratorios/Laborat%C3%B3rio+de+Psicologia/LABPSI+-+Analise+qualitativa.htm
http://www.scu.edu.au/schools/gcm/ar/arp/grounded.html



[1] A Metodologia de Análise Semiótica é a ferramenta capaz de apontar no signo escolhido os elementos trabalhados na representação, sua relação com o objeto e os seus significados. Inicialmente uma descrição dos elementos identificados: Signo, Objeto e Interpretante, e uma posterior análise nos Níveis Sintático (domínio da informação estética, onde suas características materiais, formas e meios emprestam singularidade ao signo), Semântico (domínio da informação semântica pois trabalha com as articulações/relações do signo com o referente, apesar de ancorado no nível sintático) e Pragmático (domínio do significado na produção de sentido e significado para o usuário).
[2] Grounded Theory é um método indutivo com base nos dados para formulação de teorias, ou explanações, sobre os fenômenos. A idéia básica da Grounded Theory é ler (e re-ler) um banco de dados textuais (tais como, notas de observações de campo e/ou transcrições de entrevistas) para “descobrir” ou nomear variáveis (chamadas categorias, conceitos e propriedades) e seus relacionamentos. Grounded Theory estrutura este processo indutivo em três etapas, que não necessariamente ocorrem de forma linear: codificação aberta, codificação axial e codificação seletiva. Uma crítica associada ao uso de Grounded Theory é que ela auxilia o pesquisador a teorizar sobre o mundo do ponto de vista de quem está codificando, ao invés de como os usuários enxergam aquela situação.
[3] Existem vários tipos de software de suporte a este tipo de análise com destaque para o NVivo da QSR International Pty Ltd e para o Atlas.ti da Software Development. Estes programas constituem poderosas plataformas para análise qualitativa de grandes quantidades de dados em vários tipos de formato (texto, imagem e áudio). Permitem transformar os dados em informação intelegível (relações, co-ocorrências, frequências, padrões, etc.), através das suas ferramentas intuitivas, sistemas de codificação, gestão, extracção, comparação, exploração e associação de documentos, textos, códigos, categorias e notas. Baseados na grounded theory estão vocacionados para a criação de modelos teóricos, além de sustentarem de forma flexível diferentes métodos de análise qualitativa, tais como o estabelecimento de grelhas de análise criadas apriori.

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