segunda-feira, 30 de junho de 2008

9- O papel do investigador (observação Participante e não participante)

A observação é encarada como um conjunto de utensílios de recolha de dados e um processo de tomadas de decisão (Evertson e Green, 1996). Estas investigadoras identificam quatro tipos principais de registo e de gravação dos dados na fase da observação. São eles: os sistemas categoriais, descritivos, narrativos e tecnológicos.Os sistemas categoriais são considerados fechados uma vez que as unidades de observação são sempre pré-definidas. Reflectem as atitudes filosóficas, teóricas, empiricamente deduzidas ou formadas a partir da experiência pessoal do investigador (Evertson e Green, 1986, p.169).Num sistema fechado, o observador está limitado unicamente ao registo dos itens que surgem na lista das variáveis previamente definidos, enquanto que num sistema aberto ele apreende aspectos mais alargados do contexto.Os sistemas descritivos “tendem a basear-se numa análise retrospectiva de acontecimentos já registados. (…) Além disso, os sistemas descritivos encontram-se intimamente ligados aos registos de tipo tecnológico” (Evertson e Green, 1986, p.177).Os sistemas narrativos, baseiam-se na elaboração de um registo escrito dos dados numa linguagem corrente do quotidiano. Este registo pode fazer-se no momento da observação de um acontecimento ou de um desenrolar de um conjunto de acontecimentos que decorreram num período de tempo.Os sistemas tecnológicos de registo de dados são os mais abertos e normalmente surgem em complementaridade com os outros tipos de sistemas. Este sistema pode ser utilizado in situ, ao mesmo tempo dos outros sistemas, ou pode ser um registo ao qual os outros sistemas se venham a aplicar (Evertson e Green, 1986, p.180). A principal vantagem de um sistema tecnológico é a de garantir a conservação intacta da informação.

Segundo o grau de participação do pesquisador, a observação pode ser:
Participante
Não Participante

Na observação participante, é o próprio investigador o instrumento principal de observação. Ele integra o meio a investigar, “veste” o papel de actor social podendo assim ter acesso às perspectivas de outros seres humanos ao viver os mesmos problemas e as mesmas situações que eles. Assim, a participação tem por objectivo recolher dados (sobre acções, opiniões ou perspectivas) aos quais um observador exterior não teria acesso. A observação participante é uma técnica de investigação qualitativa adequada ao investigador que pretende compreender, num meio social, um fenómeno que lhe é exterior e que lhe vai permitir integrar-se nas actividades/vivências das pessoas que nele vivem.
A este propósito Bogdan & Biklen (1994) referem que “Os investigadores qualitativos tentam interagir com os seus sujeitos de forma natural, não intrusiva e não ameaçadora. (...) Como os investigadores qualitativos estão interessados no modo como as pessoas normalmente se comportam e pensam nos seus ambientes naturais, tentam agir de modo a que as actividades que ocorrem na sua presença não difiram significativamente daquilo que se passa na sua ausência” (Bogdan & Biklen, 1994, p. 68).

Na observação não-participante, o investigador não interage de forma alguma com o objecto do estudo no momento em que realiza a observação, logo não poderá ser considerado participante. Este tipo de técnica, reduz substancialmente a interferência do observador no observado e permite o uso de instrumentos de registo sem influenciar o objecto do estudo.

http://claracoutinho.wikispaces.com/T%C3%A9cnicas+de+recolhas+de+dados
Bogdan, R; Biklen, S. (1994): Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora.

CARMO, H e FERREIRA, M. M.(1998) Metodologia da Investigação guia para a auto - aprendizagem, Lisboa, Ed. Universidade Aberta

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