terça-feira, 27 de maio de 2008

Vantagens e Desvantagens das Entrevistas

Vantagens:

Permite a recolha de informação rica;
Bom grau de profundidade;
Permite recolher os testemunhos, interpretações dos entrevistados, respeitando os seus quadros de referência, a linguagem e as categorias mentais (forma de classificação);
Permite ao investigador conhecer os conceitos e a linguagem do entrevistado;
Permite definir dimensões relevantes de atitude e avalia-las melhor;
Permite ter em conta as motivações que determinam diversos comportamentos;
Permite explorar muita informação;
Permite interpretar as expressões emitidas;
Dá uma boa amostragem de aspectos que se pretendem investigar;
São flexíveis pois permitem verificar se ambos os intervenientes compreendem o significado das palavras e explicar.


Desvantagens:


Falta de motivação ou motivação excessiva por parte do entrevistado;
Possibilidade de respostas falsas, quer conscientes quer inconscientes;
Depende sempre da capacidade ou incapacidade que as pessoas têm para verbalizar as suas próprias ideias;
Influência das opiniões do investigador;
Dificuldades de comunicação;
Retenção de dados com medo de violação do anonimato;
Consome muito tempo e é um método relativamente difícil de se trabalhar;
Tem sempre uma potencialidade ao nível da indução;
A análise de conteúdo é complicada e difícil;
Inter-influência entre ambos - o que pode levar à subjectividade;
Noções pré-concebidas podem influenciar o resultado das entrevistas;
Envolvem um elevado custo e exigência pessoal.

Qualidade da Entrevista versus Entrevistador

A qualidade da entrevista depende do entrevistador que deverá dar ao entrevistado um esquema através do qual ele possa exprimir a sua compreensão das coisas nos seus próprios termos, assim como dar atenção às questões de natureza ética, como:

o consentimento do entrevistado (por escrito);
o direito à privacidade;
o direito à protecção de dados pessoais.

Em relação à entrevista propriamente dita, devemos:

apenas tomar notas?
fazer registo áudio?
fazer registo em vídeo?
registo magnético não dispensa a tomada de notas durante a entrevista;
até que ponto é que os elementos não verbais são importantes?
uso do espaço inter-pessoal para comunicar atitudes;
uso de pausas e silêncios;
variações em volume, entoação e modulação da voz.

O tipo de perguntas normalmente usadas, são:

· relativas à experiência / comportamento;
· de opinião;
· relativas a questões de natureza afectiva;
· relativas a conhecimento;
· relativas a questões de natureza sensorial.

Por outro lado as perguntas podem ser:


· Perguntas de resposta fechada: pergunta em que todas as respostas estão tipificadas, respondendo-se apenas colocando uma cruz;
· Perguntas de resposta aberta: que permite amplas respostas;
· Pergunta de resposta mista: pergunta de resposta em parte fechada e em parte aberta. Por ex. Gosta de ler? Sim X Não Se sim, o que lê_______________
· Pergunta de resposta múltipla: permite respostas variadas dado que se desdobra em duas ou mais opções a considerar.

Em relação às perguntas usadas em entrevistas deve-se ter em atenção:

· O tipo de palavras utilizadas;
· Se são questões abertas;
· Minimizar a imposição de respostas;
· Permitir a respostas nos seus próprios termos;
· A clareza das questões;
· A identificação prévia do tipo de linguagem a utilizar;
· A realização de uma pergunta de cada vez e não de várias ao mesmo tempo.

Estratégias de condução da entrevista:

dicas e perguntas de aprofundamento (obter mais detalhe, mais elaboração, melhor clarificação);
questões/respostas de apoio e reconhecimento;
questões para comunicar neutralidade;
questões para comunicar sensibilidade;
questões relativas ao controlo da entrevista;

Estrutura de um Guião de Entrevista

Estrutura de um guião de entrevista:


1. Descrição do perfil do entrevistado (nível etário, escolaridade, nível sociocultural, personalidade, etc.);
2. Selecção da população e da amostra de indivíduos a entrevistar;
3. Definição do propósito da entrevista (tema, objectivos e dimensões);
4. Estabelecimento do meio de comunicação (oral, escrito, telefone, e-mail, …), do espaço (sala, jardim, …) e do momento (manhã, duração, …);
5. Discriminação dos itens ou características para o guião;
5.1. Elaborar perguntas dos itens, de acordo com o definido nos pontos anteriores;
5.2. Considerar as expectativas do entrevistador;
5.3. Considerar as possíveis expectativas dos leitores/ouvintes;
5.4. Formular perguntas abertas (O que pensa de...?) e fechadas (Gosta de...?);
5.5. Evitar influenciar as respostas;
5.6. Apontar alternativas para eventuais fugas à pergunta;
5.7. Estabelecer o número de perguntas e proceder à sua ordenação, dentro de cada dimensão;
5.8. Adequar as perguntas ao entrevistado, seleccionando um vocabulário claro, acessível e rigoroso (sintaxe e semântica);
6. Produção do guião com boa apresentação gráfica;
6.1. Redigir o cabeçalho com identificação (instituição, proponentes, título, data)
6.2. Incluir uma apresentação sucinta da entrevista, incluindo os objectivos;
6.3. Alinhar as perguntas na vertical e com espaçamento ajustado;
6.4. Utilizar tipo de letra legível, parágrafo justificado, margens da página com 2 cm e, eventualmente, imagens à direita do texto;
7. Validação da entrevista pela análise e crítica de personalidades relevantes.

Procedimentos

Existe um conjunto de aspectos a ter em conta na utilização da técnica de entrevista.


Antes da entrevista:
Definir o objectivo
Construir o guia da entrevista
Escolher o entrevistado
Preparar as pessoas a serem entrevistadas
Marcar a data, a hora e o local
Preparar os entrevistadores (formação técnica)


Durante a entrevista

1. Início com explicação da entrevista;
1.1. Esclarecimento do que pretende o entrevistador e do objectivo da entrevista;
1.2. Assegurar a confidencialidade do entrevistado e das suas respostas;
1.3. Ressaltar a necessidade da colaboração do entrevistado, sem tolhimento de qualquer ordem;
2. Criação de um ambiente agradável para a realização da entrevista;
2.1. Verificar que o espaço/local da entrevista favorece a descontracção do entrevistado (temperatura, luz, móveis, …);
2.2. Manter uma distância audível entre o entrevistado e o entrevistador (1 a 2 metros);
2.3. Em casos de entrevista a um grupo, pode ser vantajoso subdividi-los em pequenos grupos;
2.4. Verificar se existem condições de privacidade do entrevistado;
2.5. Permitir que o entrevistado mantenha o controle da entrevista;
3. Favorecimento das respostas pertencentes ao entrevistado
3.1. Mostrar compreensão e simpatia pelo entrevistado;
3.2. Usar um tom informal, de conversa, mais do que de entrevista formal;
3.3. Apresentar a questão oralmente e por escrito (combinar as duas linguagens!);
3.4. Começar com questões fáceis de responder (para pôr o entrevistado à vontade);
3.5. Pedir ao entrevistado para dizer em voz alta o que está a pensar, o que pensou em fazer, se está com alguma dificuldade na resposta, …;
3.6. Evitar influenciar as respostas pela entoação ou destaque oral de palavras;
3.7. Pedir exemplos de situações, de pessoas ou de objectos que o auxiliem a exprimir-se;
3.8. Apresentar uma questão de cada vez;
3.9. Entrevistador explicita aceitação pelas opiniões do entrevistado (entrevista diferente de exame);
4. Registo de tudo o que o entrevistado diz!
4.1. Previamente, verificar suportes de registos (papel, fita, pilhas, captação do som, …);
4.2. Antes de iniciar a entrevista, pedir autorização ao entrevistado para fazer a gravação;
4.3. Registar com as mesmas palavras do entrevistado, evitando resumi-las;
4.4. Anotar, se possível, gestos e expressões do entrevistado;
5. Gestão do tempo de conversação;
5.1. Demorar até 25 minutos (?);
5.2. Parar antes do tempo previsto se o ambiente se tornar demasiado constrangedor;
6. Término da entrevista como começou, num ambiente de cordialidade para que o entrevistador possa voltar (se necessário) e obter novos dados.


Depois da entrevista:
Procurar perceber a qualidade da informação recolhida / dos dados;
Escrever de imediato todas as notas que a memória permite.
Uma entrevista semi-estruturada é caracterizada pela existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista.
O guião funciona como um checklist, o desenvolvimento da entrevista vai-se adaptando ao entrevistado e mantém-se um elevado grau de liberdade na exploração das questões.

A Entrevista

A entrevista é um “método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos da recolha de informações (Ketele, 1999: 18). Através de um questionamento oral ou de uma conversa, um indivíduo pode ser questionado sobre os seus actos, as suas percepções ou os seus projectos, existindo uma interacção directa. A interacção directa é uma das possibilidades de abertura entre entrevistador e entrevistado, em que existe um objectivo que se resume a “(…) abrir a área livre dos dois interlocutores no que respeita à matéria da entrevista, reduzindo, por consequência, a área secreta do entrevistado e a área cega do entrevistador.” (Carmo & Ferreira, 1998:126).
A interacção directa nem sempre é fácil, pois estão em questão duas pessoas que podem ser completamente diferentes, e para que ocorra sucesso na entrevista é necessário que exista uma relação de simpatia, que faz gerir três aspectos que poderão ocorrer. São eles, segundo Carmo e Ferreira (1998:126): a influência do entrevistador no entrevistado, as diferenças que entre eles existem (podem ser de ordem racial, cultural, social ou geracional), e a sobreposição de canais de comunicação.
Existem três características básicas que podem diferenciar as entrevistas:
Entrevistas desenvolvidas entre duas pessoas ou com um grupo de pessoas.
Entrevistas que abarcam um amplo espectro de temas (ex.: biográficas) ou as que incidem sobre um só tema (monotemáticas).
Entrevistas que se diferenciam consoante o maior ou menor grau de pré-determinação ou de estruturação das questões abordadas - entrevista em profundidade não-directiva, entrevista semi-estruturada e entrevista estruturada e estandardizada.
A terceira característica está directamente relacionada com o grau de directividade das perguntas, ou seja uma entrevista em que existe uma menor directividade das questões necessita de estar menos estruturada; em oposição, uma entrevista que tem maior directividade precisa de estar mais estruturada. Em suma, existe uma proporcionalidade directa entre as duas variáveis.
Estes três tipos de entrevista (não estruturada, semi-estruturada e estruturada) têm características próprias. Na primeira, o entrevistador coloca um tema de discussão de forma ambígua e o entrevistado desenvolve o seu próprio raciocínio. No segundo caso, normalmente, existe um guião como quadro de referência porém, o entrevistador aborda este guião de forma flexível, consoante as respostas dadas pelo entrevistado. Estes dois tipos de entrevista estão associados à avaliação qualitativa.

Principais características das entrevista:

Não Estruturada

· Informal, aberta, etnográfica e in-depth;
· Desenvolve-se no fluir de uma conversa;
· Ocorre com frequência na observação participante;
· Consciência dos entrevistados;
· As questões emergem tipicamente do contexto imediato;
· Não existe um guião prévio estruturado.
Semi-Estruturada

· Existência de um guião previamente preparado que serve de eixo orientador ao desenvolvimento da entrevista;
· Procura garantir que os diversos participantes respondam às mesmas questões;
· Não se exige uma ordem rígida nas questões mas que todas sejam cobertas na entrevista;
· O guião funciona como um checklist;
· O desenvolvimento da entrevista vai-se adaptando ao entrevistado;
· Mantém-se um elevado grau de liberdade na exploração das questões.
Estruturada

· Standard e sistemática;
· Importante minimizar a variação entre as questões postas aos entrevistados;
· Maior uniformidade no tipo de informação recolhida;
· Quando há vários entrevistadores;
· Questões colocadas tal como forma previamente escritas;
· As palavras utilizadas são escolhidas e sondadas previamente;
· As categorias possíveis de respostas estão previamente definidas;
· A avaliação das respostas durante a entrevista é reduzida.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Vantagens e Desvantagens de um inquérito por questionário

Vantagens e desvantagens de um inquérito por questionário
Como todos os instrumentos de recolha de informação, o questionário apresenta uma série de vantagens e inconvenientes na sua utilização que é necessário ter em conta. Apresentam-se de seguida algumas delas.
- Desvantagens -
v Processo de elaboração e testagem de itens muito moroso;
v Elevada taxa de não – respostas;
v Não é aplicável a toda a população;
v Nem sempre é fácil a interpretação das respostas;
v É difícil saber se os inquiridos estão a responder o que sentem ou se respondem de acordo com o que pensam que são as nossas expectativas;
v Não é possível ajudar o inquirido em questões mal formuladas.
- Vantagens -
v Permitem recolher informação de um elevado número de respondentes ao mesmo tempo;
v Permitem uma rápida recolha de informação;
v Menor custo:
v Maior sistematização dos resultados fornecidos;
v Maior facilidade de análise.

Construção de um Questionário

Em investigação educacional, o processo de elaboração e aplicação de um questionário passa por uma série de fases e tem de respeitar um conjunto complexo de procedimentos. A aplicação de um questionário é classificada como uma técnica em que existe uma interacção indirecta com quem responde ao mesmo, daí que seja necessário muito cuidado na elaboração desses questionários.
Assim, as perguntas devem ser:
v Claras (devem ser compreendidas do mesmo modo por todos os inquiridos);
v Curtas;
v Limitadas a um só problema;
v Directas (evitar fazer perguntas pela negativa);
v Simples (evitar perguntas duplas);
Para além dos aspectos referidos acrescentaríamos a necessidade de os inquéritos possuírem instruções claras para quem tem que responder sentir que compreendeu evitando a ambiguidade, assim, devem também possuir questões que não sugiram interpretações que levem ao erro na resposta e que sejam inépcias. Os inquéritos por questionário devem ainda ser acompanhados por uma introdução, em especial se não forem distribuídos por quem os elaborou. Esta introdução deve clarificar os propósitos do questionário e explicitando o tratamento que será dado aos dados recolhidos e garantir a total confidencialidade dos dados que o inquirido colocar no preenchimento do questionário.
Segundo Carmo & Ferreira (1998:137), duas questões devem ser tidas em consideração na elaboração dos questionários, são elas: “o cuidado a ser posto na formulação das perguntas e a forma mediatizada de contactar com os inquiridos”.
Normalmente, os questionários integram vários tipos de perguntas:
v Perguntas de identificação;
v Perguntas de informação;
v Perguntas de descanso;
v Perguntas de controlo.
Uma questão também importante, é a decisão a tomar quanto à ordenação dos itens do questionário. As primeiras questões podem condicionar as respostas seguintes. Num estudo apresentado por Shuman, Presser e Ludwig (1981), observou-se que as respostas ao questionário dependiam da ordem em que as questões eram colocadas.
Um bom procedimento a ter em conta é começar com questões interessantes que captem a atenção dos respondentes. Assim:
v Os dados demográficos podem (devem) ser colocados no fim;
v As questões devem ser colocadas em funil (do geral para o específico);
v Nas questões sobre raças: usar sempre a mesma ordem em todos os subgrupos da amostra contrabalançando assim o efeito da ordem; recorrer a diferentes ordenações das questões, conforme os subgrupos da amostra, assim neutralizando o efeito da ordem;
v As questões em filtro, devem ser usadas com cuidado, isto é a questão geral não deve condicionar as mais especificas;
v As questões inversas, devem ser intercaladas com as questões directas.
Contudo, as questões usadas nos questionários podem ter duas formas: abertas e fechadas. As questões abertas obrigam ao agrupamento por categorias, enquanto nas questões fechadas pode-se obter apenas um tipo de resposta e que pode ter dois significados: a pergunta não traz informação relevante e deve ser excluída, ou a população que respondeu é demasiado homogénea. Nas questões mal colocadas não se consegue categorizar, o que nos obriga à reformulação destas.
As perguntas fechadas são úteis em perguntas que do ponto de vista social são delicadas, como por exemplo, a orientação sexuais. Segundo Ghiglione & Matalon (2001), estas questões podem ser construídas de 5 formas:
v Resposta mais adequada;
v Várias hipóteses de resposta para escolher, sem limite;
v Várias hipóteses de resposta para escolher, com limite;
v Ordenar as diferentes respostas;
v Ordenar as diferentes respostas, mas com limite.
A elaboração e aplicação de um questionário passa por três fases, segundo Carmo & Ferreira (1998:140-147):
v Fase preliminar (antes);
v Decorrer (durante);
v Fase subsequente (depois).

Fase preliminar
Construção das perguntas (estas devem ser precedidas de entrevistas, de modo a obter informação suficiente para a construção das questões):
v Em número adequado – estas devem ser em número adequado para responder à problemática em investigação, bem como às características da amostra e do tempo que os participantes terão disponível para responder (Ex.: os inquérios de rua devem ser curtos);
v Devem ser fechadas tanto quanto possível, contudo no início devemos ter questões abertas para que os participantes sintam que a sua opinião conta e de forma a suscitar interesse;
v Compreensíveis para os respondentes;
v Não ambíguas;
v Evitar indiscrições gratuitas
v Confirmarem-se (através de perguntas de controlo)
v Abrangerem todos os pontos a questionar;
v Serem pertinentes relativamente à experiência do inquirido;
v Recorrer a escalas de atitudes (permitem ao investigador medir atitudes e opiniões dos inquiridos).
Entre as escalas de atitude destacam-se as chamadas escalas de tipo Thurstone (Sim/Não) e as de Likert (1-9). A escala tipo Likert baseia-se nos mesmos princípios que a de Thurstone, mas tem a vantagem de ser mais fácil na sua construção.
Apresentação do questionário (este aspecto é muito importante pois vai ser a imagem da investigação) carece de especial atenção nos seguintes aspectos:
v Apresentação do investigador;
v Apresentação do tema a investigar;
v Instruções claras e precisas;
v Disposição gráfica;
v Número de folhas (muitas folhas vai suscitar uma reacção negativa ao inquirido).

Fase do decorrer
Nesta fase deve-se:
v Aplicar questionários teste para avaliar a sua clareza e rigor, a cerca de 50 pessoas (pré teste).
v Reformular (se tal se verificar necessário)
v Aplicar à amostra escolhida

Fase subsequente
Na fase subsequente (depois) deve-se:
v Efectuar uma primeira leitura a fim de verificar a fiabilidade das respostas e codificar as respostas a questões abertas (se existirem);
v Aplicação do questionário;
v Análise de dados.
Também a análise, ou tratamento dos resultados deve ser , válida e fiável. Dos métodos destacamos os seguintes:
Análise de conteúdo;
Cálculo de índices;
Representação gráfica;
Métodos estatísticos (paramétricos e não paramétricos)

O Questionário

Clarificação do conceito
Um questionário é uma lista organizada de perguntas que visa obter informações de natureza muito diversa tais como interesses, motivações, atitudes ou opiniões das pessoas.
Para Tuckman (2002:15-17) “a investigação por inquérito é um tipo específico de investigação que aparece frequentemente no campo da educação” mas adianta que “a interpretação dessas respostas pode não ser a mais correcta, dado não existir um termo de comparação”. O autor é de opinião de que o inquérito é “uma técnica potencialmente muito útil em educação (…) [e] tem um valor inegável na recolha de dados”, o que é reiterado por Bell (1997:100) quando nos diz que “os inquéritos constituem uma forma rápida e relativamente barata de recolher um determinado tipo de informação (…)”(cit. Conceição Brito, 2006).
Segundo Muñoz (2003) o questionário enquanto instrumento de investigação e de recolha de dados, é um instrumento versátil que permite a sua utilização como um instrumento de investigação e de avaliação de pessoas, processos e programas de formação. É uma técnica de avaliação que pode abarcar aspectos qualitativos e quantitativos, sendo muito usada na investigação quantitativa e nos estudos de opinião.
O questionário é extremamente útil quando um investigador pretende recolher informação sobre um determinado tema, constituindo uma parte fundamental de uma boa investigação. Para isso é necessário assegurar que as perguntas são as adequadas e que os dados recolhidos permitem responder à pergunta de partida. Tuckman (2002:308) afirma que “os questionários e as entrevistas são processos para adquirir dados acerca das pessoas, sobretudo interrogando-as e não observando-as, ou recolhendo amostras do seu comportamento (…)” (cit. Conceição Brito, 2006).
Não existe um método-padrão para se formular um questionário. Porém, existem algumas recomendações, bem como factores a ter em conta relativamente a essa importante tarefa num processo de pesquisa.

3- Recolha de Dados

A recolha de dados é um processo organizado de procura de informações, em fontes adequadas e válidas, que tem como objectivo a compreensão de uma dada situação.
Existem algumas questões que devem preceder qualquer recolha de dados:
v Qual o objectivo?
v Qual a informação a recolher?
v Tem utilidade?
v Tem qualidade?
v É suficiente?
v Que fazer com ela?
A recolha de dados ou de informações pode ser feita utilizando vários métodos, com destaque para os seguintes: análise de documentos; inquérito por questionário; observação e entrevista (Veiga, 1996).
O processo da recolha de dados é condicionado por um filtro epistemológico: não há investigação isenta de um referencial pessoal, mais ou menos explicito e frequentemente ligado ao poder alcançado por quem recolhe a informação, ou por quem a utiliza. (De Ketele& Roegiers, 1991). Em relação ao poder podem levantar-se várias questões:
· Qual o objectivo da recolha de dados?
· Visa o avanço da ciência?
· Visa a verdade ou conduz à sua ocultação?
· Baseia-se na objectividade?
· Insere-se em princípios éticos?
No processo de recolha de dados a validação do instrumento é essencial. Esta consiste na certificação de que as informações recolhidas servem o objectivo da investigação. Neste sentido devemos perguntar-nos se as informações são:
§ Pertinentes - acessíveis, necessárias e suficientes;
§ Válidas – reflectem a realidade;
§ Fiáveis.
Por outro lado, devemos ter em consideração a validação a priori do instrumento que deve ser feita antes de o utilizar e tendo sempre em atenção os três aspectos já mencionados anteriormente: pertinência, fiabilidade e validade e a validação à posteriori em que consiste em saber se é possível realizar a análise dos resultados, com objectividade e em tempo útil.
Por último, temos a análise ou tratamento dos resultados que também deve ser: pertinente, válida e fiável. Existem muitos métodos de analise de resultados, mas destacamos os seguintes:
§ Análise de conteúdo;
§ Cálculo de índices;
§ Representação gráfica;
§ Métodos estatísticos.
A opção por um ou outro método depende do tipo de instrumento que se decidiu utilizar para a recolha de dados.
& Veiga, F. H. (1996) Recolha de dados: O Questionário. Lisboa: Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.De Ketele & Roegiers (1991) Methodologie de recueillement de information.Bruxelas:De Boeck

sábado, 17 de maio de 2008

Etapas dum Projecto de Investigação

A investigação e um processo sistemático e rigoroso que conduz à aquisição de novos conhecimentos, quer sejam nos domínios das ciências da saúde, das ciências sociais ou das ciências humanas (Fortim, 1996). O rigor e a sistematização são características fulcrais da investigação pois o rigor, do qual depende a exactidão científica tem em certa parte a capacidade de certificar uma percepção fiável e exacta da realidade (Gauthier, 1992). A sistematização resulta do método, isto é, de uma forma organizada e ordenada de alcançar um objectivo.
A construção de um projecto de investigação pressupõe uma serie de etapas que o estruturam, lhe dão sustentabilidade e coerência.
Começaremos por enunciar os procedimentos científicos descrevendo os princípios que estes actos encetam.
- Fase de Ruptura (etapas 1,2 e3) - consiste em romper com os preconceitos e as falsas evidencias que nos dão a ilusão de compreender as coisas;
- Fase de Construção (etapa4) – representação teórica prévia que exprime a lógica que o investigador supõe estar na base do fenómeno. Sem esta construção teórica não haveria experimentação válida;
- Fase de Verificação (etapas 5,6 e7) – uma proposição só poderá ser considerada cientifica se poder ser verificada pelos factos.
Os três actos do procedimento científico, não são independentes uns dos outros, eles constituem-se mutuamente. Por exemplo, a ruptura não acontece só no inicio, ela pode acontecer a cada momento e completa-se na e pela construção. Por outro lado a verificação vai buscar o seu valor à qualidade da construção. Estes actos são concretizados através do encadeamento lógico de etapas que estão em permanente interacção.

Etapas dum projecto de investigação

1ª etapa - Pergunta de Partida
Formular a pergunta de partida tendo em atenção: a clareza, a exequibilidade e a pertinência.
2ª etapa – A Exploração
As leituras: seleccionar os textos, ler com método, resumir, comparar os textos entre si e com as entrevistas;
As entrevistas exploratórias: preparar - se para as entrevistas, encontrar –se com as pessoas implicadas, adoptar uma atitude de escuta e abertura e descodificar os discursos.
3ª etapa – A Problemática
Fazer o balanço das leituras e das entrevistas, estabelecer um quadro teórico e explicar a problemática retida.
4ª etapa – A Construção
Construir as hipóteses e o modelo, precisando: as relações entre os conceitos e as relações entre as hipóteses.
Construir os conceitos, precisando: as dimensões e os indicadores.
5ª etapa – A Observação
Delimitar o campo de observação;
Conceber o instrumento de observação;
Testar o instrumento de observação;
Proceder à recolha das informações.
6ª etapa – A Análise das Informações
Descrever e preparar os dados para a análise;
Medir as relações entre as variáveis;
Comparar os resultados esperados com os resultados observados;
Procurar o significado das diferenças.
7ª etapa – A Conclusão
Recapitular o procedimento;
Apresentar os resultados, pondo em evidencia: os novos conhecimentos e as consequências práticas.

Quivy & Campenhoudt (1992) Manual de Investigação em Ciências Sociais, Gradiva

Combinação de Métodos Quantitativos e Qualitativos

Autores como Reichardt e Cook (1986), são da opinião que um investigador não é obrigado a optar pela utilização em exclusivo de métodos quantitativos ou qualitativos, podendo e caso a investigação o exija, optar por combinar estes dois métodos. Vários são os investigadores que utilizam estes dois métodos em conjunto, dos quais destacamos: Miles e Hubermann (1984) e Patton (1990). Patton refere que para que um plano de investigação seja mais “sólido” é necessário a combinação destes métodos. A esta combinação Patton designa de triangulação e cita os diferentes tipos de triangulação enunciados por Denzin (1978):
A triangulação de dados - o uso de uma variedade de fontes num mesmo estudo;
A triangulação de investigadores – o uso de vários investigadores ou avaliadores;
A triangulação de teorias – o uso de várias perspectivas para interpretar um conjunto de dados;
A triangulação metodológica – o uso de diferentes métodos para estudar um dado problema.
A justificação da triangulação é de que cada método revela diferentes aspectos da realidade e por isso devemos utilizar diferentes métodos para observar essa realidade. Por outro lado, a utilização de uma combinação de métodos pode permitir uma melhor compreensão dos fenómenos e assim, alcançar resultados mais seguros. No entanto, esta combinação de métodos apresenta como desvantagem o custo, o tempo e a habilidade do investigador para dominar os dois métodos de investigação. (Carmo & Ferreira, 1998)
Competências de um investigador:

· Gerir a informação disponível;
· Traçar um plano de trabalho;
· Ser humilde intelectualmente;
· Partilhar informações com outros investigadores;
· Gerir o tempo;
· Gerir as tarefas a que se propõe;
· Ser crítico face à informação que recolhe;
· Seleccionar a metodologia mais adequada para o desenvolvimento da investigação;
· Proceder uma análise coerente e profunda dos dados recolhidos;
· Possuir espírito crítico face aos dados recolhidos;
· Ter capacidades linguísticas e fluência na escrita.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Métodos e Técnicas de Investigação em Ciências Sociais

Métodos e Técnicas de Investigação em Ciências Sociais

Dada a diversidade de definições de métodos, apresentamos a definição de Madeleine Grawitz (1993). Assim, a autora define métodos como “um conjunto concertado de operações que são realizadas para atingir um ou mais objectivos, um corpo de princípios que presidem a toda a investigação organizada, um conjunto de normas que permitem seleccionar e coordenar técnicas.” (cit., Carmo, 1998: 175) As técnicas são definidas como procedimentos operatórios rigorosos, bem definidos, transmissíveis, susceptíveis de serem novamente aplicados nas mesmas condições, adaptados ao tipo de problemas e aos fenómenos em causa. A escolha da técnica depende do objectivo que se pretende atingir. (ibidem)

Investigação quantitativa

A investigação dita quantitativa tem sido o paradigma dominante da investigação em educação, permitindo avanços significativos no que respeita ao ensino, à aprendizagem e à educação em geral. Mas devido a algumas investigações, principalmente no campo da psicologia, reconheceu-se-lhe as suas limitações e a necessidade de se recorrer aos métodos qualitativos.
A questão central da investigação quantitativa é determinar até que ponto os resultados obtidos são generalizáveis à população. Isto implica a utilização de técnicas que permitam seleccionar e dimensionar as amostras, assim como da selecção aleatória dos sujeitos da amostra.
Uma das suas vantagens é a análise e integração dos resultados dum conjunto mais ou menos alargado de investigações sobre um tema. Noutro sentido como principal limitação temos o facto de o investigador ser incapaz de manipular ou controlar certos aspectos (variáveis independentes), sendo o controlo uma das grandes limitações deste método.

Características:
a) Utilização do método experimental ou quasi-experimental;
b) Formulação de hipóteses que exprimem relações entre variáveis;
c) Controlo de outras variáveis;
d) Selecção probabilística de uma amostra a partir de uma população rigorosamente definida;
e) Testagem de hipóteses mediante a utilização de análise estatística dos dados recolhidos;
f) Generalização dos resultados obtidos a partir da amostra à população em estudo.

Investigação qualitativa

A investigação qualitativa centra-se na compreensão dos problemas, investigando o que está “por trás” de certos comportamentos, atitudes ou convicções. Não há qualquer preocupação com a dimensão da amostra nem com a generalização de resultados e não se coloca o problema da validade e da fiabilidade dos instrumentos, como acontece com a investigação quantitativa. Aqui o investigador é o “instrumento” de recolha de dados, a qualidade (validade e fiabilidade) dos dados depende muito da sua sensibilidade, da sua integridade e do seu conhecimento.
Uma das vantagens deste tipo de investigação é a possibilidade de gerar boas hipóteses de investigação, devido ao facto de se utilizarem técnicas como: entrevistas detalhadas, observações minuciosas e análise de produtos escritos (relatórios, testes, composições). Este tipo de investigação também tem limitações, sendo a objectividade a maior delas. Existem problemas de objectividade que podem resultar da pouca experiencia, da falta de conhecimentos e de sensibilidade do investigador.

Características:
a) A investigação qualitativa é naturalista;
b) A investigação qualitativa é indutiva. O investigador desenvolve conceitos e chega à compreensão dos fenómenos a partir de padrões resultantes da recolha de dados (Não recolhe dados para testar hipóteses);
c) A investigação qualitativa é descritiva. É uma investigação que produz dados descritivos a partir de documentos, entrevistas e da observação. A descrição tem que ser profunda e rigorosa;
d) Na investigação qualitativa tem maior interesse o processo do que o produto;
e) O investigador é o principal instrumento da recolha de dados. Tem que procurar ser objectivo;
f) A investigação qualitativa é holística. Tem em conta a realidade global;
g) O significado tem uma grande importância. O investigador tenta compreender os sujeitos de investigação a partir dos quadros de referência, dos significados que atribuem aos acontecimentos, às palavras, aos objectos.
h) O investigador tem ainda que mostrar uma grande sensibilidade em relação ao contexto onde está a realizar a investigação;
i) O plano de investigação é flexível, pois o investigador estuda sistemas dinâmicos.


Bogdan e Bliken (1994). Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora.

Carmo, H. & Ferreira, M.M. (1998). Metodologia da investigação: Guia para Auto-aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta