Em investigação educacional, o processo de elaboração e aplicação de um questionário passa por uma série de fases e tem de respeitar um conjunto complexo de procedimentos. A aplicação de um questionário é classificada como uma técnica em que existe uma interacção indirecta com quem responde ao mesmo, daí que seja necessário muito cuidado na elaboração desses questionários.
Assim, as perguntas devem ser:
v Claras (devem ser compreendidas do mesmo modo por todos os inquiridos);
v Curtas;
v Limitadas a um só problema;
v Directas (evitar fazer perguntas pela negativa);
v Simples (evitar perguntas duplas);
Para além dos aspectos referidos acrescentaríamos a necessidade de os inquéritos possuírem instruções claras para quem tem que responder sentir que compreendeu evitando a ambiguidade, assim, devem também possuir questões que não sugiram interpretações que levem ao erro na resposta e que sejam inépcias. Os inquéritos por questionário devem ainda ser acompanhados por uma introdução, em especial se não forem distribuídos por quem os elaborou. Esta introdução deve clarificar os propósitos do questionário e explicitando o tratamento que será dado aos dados recolhidos e garantir a total confidencialidade dos dados que o inquirido colocar no preenchimento do questionário.
Segundo Carmo & Ferreira (1998:137), duas questões devem ser tidas em consideração na elaboração dos questionários, são elas: “o cuidado a ser posto na formulação das perguntas e a forma mediatizada de contactar com os inquiridos”.
Normalmente, os questionários integram vários tipos de perguntas:
v Perguntas de identificação;
v Perguntas de informação;
v Perguntas de descanso;
v Perguntas de controlo.
Uma questão também importante, é a decisão a tomar quanto à ordenação dos itens do questionário. As primeiras questões podem condicionar as respostas seguintes. Num estudo apresentado por Shuman, Presser e Ludwig (1981), observou-se que as respostas ao questionário dependiam da ordem em que as questões eram colocadas.
Um bom procedimento a ter em conta é começar com questões interessantes que captem a atenção dos respondentes. Assim:
v Os dados demográficos podem (devem) ser colocados no fim;
v As questões devem ser colocadas em funil (do geral para o específico);
v Nas questões sobre raças: usar sempre a mesma ordem em todos os subgrupos da amostra contrabalançando assim o efeito da ordem; recorrer a diferentes ordenações das questões, conforme os subgrupos da amostra, assim neutralizando o efeito da ordem;
v As questões em filtro, devem ser usadas com cuidado, isto é a questão geral não deve condicionar as mais especificas;
v As questões inversas, devem ser intercaladas com as questões directas.
Contudo, as questões usadas nos questionários podem ter duas formas: abertas e fechadas. As questões abertas obrigam ao agrupamento por categorias, enquanto nas questões fechadas pode-se obter apenas um tipo de resposta e que pode ter dois significados: a pergunta não traz informação relevante e deve ser excluída, ou a população que respondeu é demasiado homogénea. Nas questões mal colocadas não se consegue categorizar, o que nos obriga à reformulação destas.
As perguntas fechadas são úteis em perguntas que do ponto de vista social são delicadas, como por exemplo, a orientação sexuais. Segundo Ghiglione & Matalon (2001), estas questões podem ser construídas de 5 formas:
v Resposta mais adequada;
v Várias hipóteses de resposta para escolher, sem limite;
v Várias hipóteses de resposta para escolher, com limite;
v Ordenar as diferentes respostas;
v Ordenar as diferentes respostas, mas com limite.
A elaboração e aplicação de um questionário passa por três fases, segundo Carmo & Ferreira (1998:140-147):
v Fase preliminar (antes);
v Decorrer (durante);
v Fase subsequente (depois).
Fase preliminar
Construção das perguntas (estas devem ser precedidas de entrevistas, de modo a obter informação suficiente para a construção das questões):
v Em número adequado – estas devem ser em número adequado para responder à problemática em investigação, bem como às características da amostra e do tempo que os participantes terão disponível para responder (Ex.: os inquérios de rua devem ser curtos);
v Devem ser fechadas tanto quanto possível, contudo no início devemos ter questões abertas para que os participantes sintam que a sua opinião conta e de forma a suscitar interesse;
v Compreensíveis para os respondentes;
v Não ambíguas;
v Evitar indiscrições gratuitas
v Confirmarem-se (através de perguntas de controlo)
v Abrangerem todos os pontos a questionar;
v Serem pertinentes relativamente à experiência do inquirido;
v Recorrer a escalas de atitudes (permitem ao investigador medir atitudes e opiniões dos inquiridos).
Entre as escalas de atitude destacam-se as chamadas escalas de tipo Thurstone (Sim/Não) e as de Likert (1-9). A escala tipo Likert baseia-se nos mesmos princípios que a de Thurstone, mas tem a vantagem de ser mais fácil na sua construção.
Apresentação do questionário (este aspecto é muito importante pois vai ser a imagem da investigação) carece de especial atenção nos seguintes aspectos:
v Apresentação do investigador;
v Apresentação do tema a investigar;
v Instruções claras e precisas;
v Disposição gráfica;
v Número de folhas (muitas folhas vai suscitar uma reacção negativa ao inquirido).
Fase do decorrer
Nesta fase deve-se:
v Aplicar questionários teste para avaliar a sua clareza e rigor, a cerca de 50 pessoas (pré teste).
v Reformular (se tal se verificar necessário)
v Aplicar à amostra escolhida
Fase subsequente
Na fase subsequente (depois) deve-se:
v Efectuar uma primeira leitura a fim de verificar a fiabilidade das respostas e codificar as respostas a questões abertas (se existirem);
v Aplicação do questionário;
v Análise de dados.
Também a análise, ou tratamento dos resultados deve ser , válida e fiável. Dos métodos destacamos os seguintes:
Análise de conteúdo;
Cálculo de índices;
Representação gráfica;
Métodos estatísticos (paramétricos e não paramétricos)
segunda-feira, 19 de maio de 2008
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